domingo, 26 de junho de 2011

Namoro

É tão trágico pensar que mesmo o que nós sentimos mais intimamente,
sem falar a ninguém, seja uma obra repetitiva e muito pouco autêntica.
Que tenhamos aprendido a amar, a namorar, ou mesmo a sonhar, em
pequenas fôrmas de empadas, e que nossos namoros, amores e sonhos
tenham se tornado apenas pequenas empadinhas defeituosas, pequenas
demais, quebradas demais.

Eu queria um namoro que fosse apenas intensidade. Que não fosse sobre
beijos, ou sexo, ou cartas, ou palavras. Mas que fosse de verdade. E
que você aparecesse à minha porta, não por que sejamos namorados, não
porque não nos vejamos há um mês e namorados se vejam; queria que você
viesse, e sem avisar, porque a maneira como as folhas caem faz o
barulho do meu sapato. Então, que você venha, que nos beijemos apenas
se for o caso, que você vá embora sem matar completamente as saudades.

quero também que haja dias em que você não queira me ver, mas queira
ver mais alguém. Quero que você tenha muit@s namorad@s.

Quero que, alguma vez, fiquemos sete anos sem nos ver, e talvez que eu
me indague se você ainda existe. Quero que não seja assim tão
importante que eu jamais tenha ligado no seu aniversário. Quero um dia
receber uma carta dizendo que você morreu, sentir uma alegria leve,
sem explicação. Quero não saber onde você mora e o que faz da vida,
com a certeza absoluta de que no espaço-tempo você dedica um sorriso a
mim.

Quero saber que os namoros não simplesmente acabam, que ficam parados
como os deixamos da última vez. Que não seja sobre notícias,
satisfações ou contratos. Quero que nosso namoro não se desgaste pelo
desuso, pelas esperas e pelos desencontros. Quero que nosso namoro
nunca se acabe.

   
Abaixo a repressão! Por mais amor e mais tesão!

Vídeo da Semana:

Um comentário:

  1. Òtimo texto. Uma provocaçãozinha: isto é sobre amor ou sobre liberdade? (Não vale responder "os dois")

    Bjookkkkssss

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