sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

POR QUE MULHERES CASADAS NÃO ESCREVEM DIÁRIOS , uma conversa com Julio Cortázar


Tirar manchas de bolor em banheiro: Em um balde, misture uma colher de sopa de detergente, um quarto de produto alvejante (água sanitária) ou anti-séptico e três quartos de água.Aplique a mistura diretamente nas paredes, teto, cortinas ou outras partes afetadas e deixe agir por 5 a 10 minutos.
Vista luvas nas mãos e esfregue a área com uma esponja molhada em um pouco de água. Se precisar limpar as arestas entre os azulejos, use uma escova de dente velha. Enxágüe bem e passe um bactericida ou fungicida na área, deixe agir por 5 a 10 minutos para "matar" o que sobrou dos fungos
Enxágüe bem e abra as janelas e portas para arejar o ambiente e secar.
Para evitar que o mofo volte a aparecer, é preciso arejar o ambiente, já que a umidade é o principal fator facilitador para a propagação dos fungos, que causam o mofo. Por isso, abra as janelas do banheiro diariamente, principalmente as do box (chuveiro).
Atenção: Não deixe que a mistura usada para retirar o mofo entre em contato com tecidos ou carpete. Limpe os sapatos que você estiver usando, antes de sair do banheiro e pisar em outro ambiente da casa.
                                                           
                                                           “Olhar pro sol, só ver janela e cortina”
- Nando Reis


Há pessoas que olham para além das coisas. Todos nós temos a capacidade, especialmente na infância, de relaxar os olhos e passar da parede opaca, do objeto que se coloca ao nosso olhar, para algo distante, atrás da imagem física que reflete a luz captada pela retina. E nesse momento, sem saber, ou às vezes sabendo, nós despencamos no Ser e ali nadamos, vagamos pelas memórias, ou antes as memórias passam por nós, como o RNA passa pelo ribossoma, essa entidade passiva leitora que decodifica e decodifica, sem interpretar, sem alterar a obra do código genético.

Donas de casa não fazem isso.

Olhava para o azulejo ao seu lado, perplexa. Sentada sobre a tampa da privada, pois sob o pretexto das funções fisiológicas, o banheiro é o último lugar em que a dona de casa pode se olhar em todas as qualidades de espelhos, físicos, psíquicos. Quanta brancura!, pensava deslumbrada, aquela superfície de porcelana tão homogênea, milagrosamente homogênea, que parecia ter despencado do mundo dos sonhos de todas as donas de casa, mediado pelas mãos de um arquiteto demiurgo, para materializar-se assim à sua volta, tão límpida, pura e branca. Quanta sinceridade naqueles azulejos, que limpava um a um com Veja Desinfetante, em movimentos lentos, circulares, o paninho cheiroso, a superfície reflexiva que, bem de pertinho, refletia o seu sorriso. Era alguma coisa divina. Contemplava assim, primeiro o conjunto da parede, depois individualmente os quadrados brancos, e deleitava-se com o fato de não haver individualidade. Fora marxista, ela, lembrava-se agora de Trotsky a dizer, acerca da dialética, que não existem dois objetos iguais, que nenhum objeto é inteiramente igual a si mesmo, mas Trotsky, pensou ela agora dando-se um luxo de filósofa, Trotsky não era dona de casa! E olhava, conferindo um a um, a maravilha da produção em escala industrial, aqueles objetos idênticos a si próprios e aos azulejos adjacentes. Aquelas coisas mortas, imóveis, previsíveis, maravilhosas. A imagem do equilíbrio.

O rejunte... que beleza, o rejunte! Feito de massa corrida bem branquinha, a equipe do engenheiro que executara a obra trabalhando sob o chicote do seu olhar. Entrava assim mesmo, de avental e luvas de borracha na obra, bobs no cabelo, e dizia sem se fazer de entendida, “quero tudo direitinho”. Traiçoeira escolha, a massa branca rapidamente mofa sob a umidade elemental do banheiro, e depois de muito testar diferentes produtos achou na internet uma receita infalível. Imprimiu, guardou numa gaveta sobre artigos feministas e livros de teoria econômica, pois lhe pareceu que nunca antes na história da humanidade o bolor havia sido vencido de forma tão definitiva, triunfal! Observava o triunfo do rejunte perfeitamente branco, que lhe custara dias de vapores tóxicos e uma pequena escova de dentes. Trabalho milimétrico, admirava o rejunte como largas estradas onde seu olhar voluptuoso deslizava. Nas grandes retas, deixava o olhar escorregar, pegando velocidade, sentia o vento de alvejante nas narinas, o cabelo bater-lhe no rosto. Ao sentir a aproximação de curva fechada, toda prudente, tinha o prazer de passar a marcha, sem esquecer da embreagem, desembestava-se por uma nova reta, paralela ao chão, onde não se pegava tanta velocidade assim. Um vale entre dois penhascos de louça branca. No horizonte, um blindex.

Ergueu a mão, o fino dedo. As substâncias de limpeza haviam lhe comido, primeiro, o esmalte. Em seguida, mesmo sob a luva, as impressões digitais. Ergueu a mão, o fino dedo, e com muita ousadia, colocando em jogo a impecabilidade da limpeza, quis percorrer com o tato aquela linha branca tão perfeita. Foi até a quina da parede e, com o dedo, escolheu um dos sulcos entre duas fileiras de azulejos. Gostou do toque, frio nas bordas, mas no centro um pouco mais morno. O rejunte não acumulava o frio. E foi assim, um pouco temerosa a princípio, apreciando o toque, para despencar no amor à velocidade. O banheiro, um borrão à sua volta, e um baque: no auge da ousadia, esborrachou-se contra o blindex.

Um comentário:

  1. Vi minha própria mãe nessa história.

    Porra, Carmen, você é foda e eu te amo.

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